Instituto Ivoti - Schola semper reformanda

A menina aprisionou o pássaro. Queria capturar o seu canto. O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e ele deixou de cantar. Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não aprisionar. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário para que a menina pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência. Aprisionado, ela o possuía, mas não recebia dele a sua maior riqueza: o canto! Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto. Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o ma- tamos de tristeza. Amar, talvez, seja isso: ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também. Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida que nos empenhamos em não reter a vida. Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.

Semente de Esperança