BRINCANDO, CONSUMIMOS MELHOR

  • Categoria: Mensagem da Pastoral
  • Data: 08/07/2023 07:40
BRINCANDO, CONSUMIMOS MELHOR

Quando éramos crianças, brincávamos muito. Tínhamos muito espaço à disposição: campos, estradas, trilhas, morros, barrancos, rios, árvores... Brinquedos comprados não tínhamos tantos, mas tínhamos material, matéria-prima: tábuas, pedras, varas, garrafas e vidros vazios, latas, peças velhas de trator e caminhão... E, ao nosso redor, existiam muitos animais: cavalos, bois, galinhas, patos, porcos, cachorros, gatos... A companhia de crianças também existia. Não se tratava de muitas crianças, mas sempre tinha pelo menos algumas. Os domingos eram dias cansativos; a gente se cansava brincando. As segundas e terças-feiras eram dias de aula. Primos e primas pernoitavam na casa da vovó de segunda para terça. O caminho para a escola era mais divertido na terça de manhã. Nas brincadeiras, tínhamos uma sociedade organizada. Dela participávamos como personagens. Tínhamos função social, profissão e atuávamos obedecendo regras estabelecidas por nós mesmos. A sociedade era composta por nós, personagens reais, e éramos também rodeados por uma nuvem de personagens imaginários. Eles tinham nome, família, moradia, profissão e possuíam bens, propriedades, amizades. Árvores, barrancos, sombras eram localidades com nome, cidades ou residência de alguém. Penso que os sítios de relacionamentos na internet aproximam o real e o imaginário, assim como nossas brincadeiras na infância. A televisão também pegou junto, mostrando vida real como brincadeira e brincadeira como vida real. Não só em novela e reality show, mas também em noticiário: para quem assistiu ao show, que diferença fez se Bin Laden foi de carne e osso ou imaginário? A sociedade adulta foi infantilizada para servir ao consumo de mercadorias e fetiches.

Semente de Esperança

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